A delegação moçambicana que esteve recentemente em Marselha, na França, a participar no Congresso Mundial de Conservação, organizado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) enalteceu os esforços dos parceiros de cooperação na mitigação dos impactos da COVID-19 nas Áreas de Conservação Transfronteirinças dentro da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Com efeito, a Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo (GLTFCA) beneficiou de um financiamento de cerca de um milhão de Euros, no âmbito de uma iniciativa regional, denominada “Facilidade de Financiamento das Áreas de Conservação Transfronteirinças”.
A iniciativa, que tem como objectivo fornecer aos países da região um mecanismo de apoio a acções de gestão e conservação da biodiversidade, está orçada em cerca de 12 milhões de Euros, a serem desembolsados pelo Governo Alemão, através do KFW entre 2020 e 2026.
O montante disponibilizado foi aplicado para desenvolver acções de prevenção da COVID-19, com a aquisição e distribuição de 47.500 máscaras reutilizáveis, 9.000 máscaras descartáveis, 400 pares de óculos de protecção, 1.900 baldes com torneiras, entre outros materiais entregues às comunidades através dos governos locais.
Paralelamente, foram contratados 709 jovens, dos quais, 186 são mulheres, estabilizando assim as rendas de várias famílias, dinamizando a economia local e aliviando os problemas de caça furtiva e outros crimes ambientais.
O Parque Nacional do Limpopo, parte integrante do GLTFCA, recebeu um valor correspondente a 359.000 Euros, que beneficiou ao Comité Comunitário do Parque e à Associação Comunitária de Canhane com vista a fazerem face às despesas básicas como manutenção de salários dos trabalhadores e outras obrigações para com a comunidade.
Outros fundos adicionais foram desembolsados pela BIOFUND para custear despesas referentes a salários dos fiscais e do pessoal técnico da área de turismo dos sectores público e privado.
Esta informação foi revelada pelo Director -Geral da Administração Nacional das Áreas de Conservação, Mateus Mutemba, que falava num painel de debate no âmbito do lançamento oficial desta facilidade de financiamento regional da conservação.
De forma geral, o dirigente referiu que o sector da conservação no país registou uma perda de receitas na ordem dos 75 por cento, em resultado da redução das actividades turísticas, devido a pandemia da COVID-19 que assolou severamente o mundo entre 2019 e 2020.
Segundo Mateus Mutemba, a COVID-19 incrementou os custos das operações, devido a necessidade de fortalecer as medidas adicionais para a prevenção de crimes ambientais, treinando técnicos e membros das comunidades residentes ao redor das áreas de conservação; investimentos destinados a criar facilidades para garantir o distanciamento social; intensificação da fiscalização face ao aumento das incursões de caçadores furtivos no Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo bem como a intensificação das operações de mitigação do conflito Homem/ Fauna Bravia.
No que diz respeito ao turismo, debruçou-se dos impactos negativos sobre a economia baseada na vida selvagem, com a redução do número de visitas para a prática de turismo baseado na natureza, particularmente o cinegético, gerando um decréscimo das receitas e consequentemente do valor referente aos 20 porcento que tem sido atribuido às comunidades locais.
Segundo o Director da ANAC, só o Parque Nacional do Limpopo, registou uma perda anual estimada entre 100 mil e 120 mil dólares norte-americanos. O mesmo aconteceu em relação a Área de Conservação Transfronteiriça de ZIMOZA, concretamente no Tchuma Tchatu na província de Tete, em que as perdas chegaram a antigir os 85 por cento, enquanto que nas Reservas Especial de Maputo e Marinha Parcial da Ponta do Ouro, a perda de receitas situou-se na ordem dos 68 por cento com a redução do número de visitas em 51 por cento.