22-06-2021

Reassentamento no Parque Nacional do Limpopo dinamiza o desenvolvimento das comunidades

O Administrador do Parque Nacional do Limpopo, em Gaza, Francisco Pariela, considera que a transferência das comunidades do interior para as zonas tampão do parque deve ser visto como uma oportunidade para dinamizar o desenvolvimento das próprias comunidades, com o melhoramento dos meios de vida e de subsistência das famílias.

Francisco Pariela fez estas declarações à margem da cerimónia de inauguração, na quarta-feira, dia 15 de Abril de 2021, da Unidade Habitacional na Vila de Salane, distrito de Chicualacuala, na província de Gaza, que vai beneficiar um total de 140 famílias transferidas de Makandazulo.

Nós não estamos a obrigar as famílias a saírem do interior do parque, simplesmente demonstramos a elas que, o reassentamento é uma oportunidade para melhorar as condições de vida, não apenas pelo acesso a casas resilientes, mas também com a implantação de infra-estruturas sociais como escolas, hospitais, sistemas de abastecimento de água potável, que por razões ambientais não podem estar dentro de uma área de conservação”, explicou o Administrador.

Francisco Pariela esclareceu ainda que a criação de uma área de conservação visa a preservação da biodiversidade e a promoção do desenvolvimento das comunidades locais. Este desenvolvimento só é possível com a geração de receitas, através da prática de turismo baseado na natureza, que requer, em primeira instância, a protecção dos recursos existentes dentro de uma área de conservação.

Administrador do Parque Nacional do Limpopo, em Gaza, Francisco Pariela, explicando os detalhes do processo de reassentamento ao Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi.

O Administrador explicou que o reassentamento é um processo que requer o engajamento das próprias comunidades, por isso, depois da conclusão das obras em Junho de 2020, foram criadas as condições de segurança alimentar e meios de subsistência para o sucesso da transferência das famílias, nomeadamente, 8 fontenárias e 4 tanques de 10 mil litros de água cada, 140 kits de iluminação solar, 140 hectares para agricultura de sequeiro, 25 hectares para agricultura de irrigação, cesta básica com géneros alimentícios da primeira necessidade, cujas quantidades variam de acordo com o número de membros do agregado familiar.

Para além das infra-estruturas primárias entregues, as famílias receberam compensações em valores monetários para viabilizar a construção de infra-estruturas secundárias como as capoeiras, celeiros e para o plantio e reposição de árvores fruteiras, perdidas devido a movimentação. 

A comunidade de Makandazulo é a quarta a ser reassentada, depois de Nangane, Macavene e Massingir Velho, o equivalente a um total de 625 famílias reassentadas, de um total de 1.200 famílias estimadas no início do programa em 2003. A perspectiva é de reassentar, ainda este ano, a Comunidade do Posto Administrativo de Mavodze, no Distrito de Massingir. 

Embaixador de Alemanha reafirma a continuidade do apoio ao programa de reassentamento

O Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República Federal da Alemanha em Moçambique, Lothar Freischlander, reafirmou a continuidade do apoio ao programa de reassentamento das comunidades que residem no interior do Parque Nacional do Limpopo.

“Estamos muito felizes, pois o governo alemão contribuiu para a construção das infra-estruturas aqui presentes, e isto é importante para o desenvolvimento, não só do parque, mas também das pessoas que vivem ao redor. É nossa intenção continuar a financiar o processo de reassentamento, porque este é um exemplo de como a vida de muitas comunidades do PNL pode melhorar futuramente”, realçou.

O engajamento da Alemanha no processo de reassentamento visa, segundo o Embaixador, a conservação da natureza e do ambiente, tomando em conta as necessidades das pessoas. “Não podemos preservar a natureza sacrificando a vida das populações” concluiu.

Beneficiários mostram-se satisfeitos e bem acomodados nas novas casas

Aleta Mbombi, uma das beneficiárias do reassentamento em Salane

Aleta Mbombi é uma das beneficiárias do processo de reassentamento e diz estar bem acomodada e satisfeita na nova casa. “Em Makandazulo vivíamos numa palhota maticada de barro e sempre que chovia, tudo molhava. Mas agora, aqui em Salane, dormimos bem, a chuva já não é um problema com que se preocupar”.

Patrícia Maluleque, filha de Rando Machele, que também vivia numa palhota em Makandazulo, mostrou-se satisfeita com as condições criadas no novo local. “Agora estamos bem, nas casas não entra água das chuvas. Já não percorremos longas distâncias em busca de água para beber, temos painéis solares para iluminação nocturna, carregar celular e tocar rádio.”

Líder comunitário da comunidade transferida de Makandazulo enaltece a importância do Parque Nacional do Limpopo

Sebastião Maluleque, um dos beneficiários e líder da comunidade transferida de Makandazulo. “Estamos felizes porque fomos aceites para viver aqui em Salane. Deste lugar é fácil chegar a Mapai e regressar no mesmo dia, e é muito perto da fronteira da África do Sul, facilmente os nossos filhos podem canalizar o apoio necessário às famílias”.

O líder reiterou a disposição para colaborar com os membros da comunidade hospedeira na resolução das preocupações que forem a surgir, uma vez que são todos membros da mesma comunidade. Adicionalmente, referiu que a criação do PNL está a trazer benefícios, porque para além das casas melhoradas, existem os chamados 20 por cento das receitas provenientes do turismo, que as comunidades podem decidir utilizar para melhorar as suas condições de vida.

Líder da comunidade hospedeira diz que o reassentamento permitiu o ordenamento da Vila de Salane

Piter Javane, líder comunitário da Vila de Salane, manifestou a sua satisfação por receber os membros transferidos da comunidade de Makandazulo. Para o líder, a transferência permitiu o acesso, pelos membros da comunidade, a casas resilientes e o surgimento de uma vila muito bem organizada. “Hoje tenho casa muito bem mobiliada com a qual nunca sonhei. Não tenho nenhuma reclamação” rematou.

Por outro lado, Javane afirmou que todos os membros formam uma única comunidade, e devem viver em harmonia e em paz, apoiando-se em todos os assuntos por forma a ultrapassar quaisquer desafios no futuro.