A Ministra da Terra e Ambiente acaba de partilhar a experiência que o país tem na redução de emissões dos gases de efeito estufa, através da implementação de acções de controlo do desmatamento e degradação florestal e de aumento da cobertura florestal e reservas de carbono, no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas e de outros compromissos regionais e internacionais.
A Ministra Ivete Maibaze falava há momentos (tarde desta sexta-feira, 05 de Julho), em representação do Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, na Reunião dos Chefes de Estado e do Governo inserida na Primeira Conferência Internacional sobre Plantacões e Reflorestamento, que decorre de 02 a 05 de Julho no Brazzaville, República do Congo.
A Ministra referiu-se à elaboração e implementação de vários instrumentos que concorrem para o alcance deste objectivo, destacando a Estratégia Nacional para a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, (REDD+), cujo objectivo é promover intervenções multissectoriais integradas para a redução das emissões de carbono associadas às mudanças do uso e cobertura da terra, através de adopção de princípios de maneio sustentável e integrado dos ecossistemas florestais naturais e plantados.
Segundo Maibaze, o país definiu como meta, reduzir e manter a taxa do desmatamento na ordem de 0,58 por cento até 2030, permitindo evitar a emissão de 170 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano.
“Reconhecendo a necessidade de reduzir a taxa anual do desmatamento no país, o Governo introduziu, em 2017 e em regime piloto, o mecanismo de pagamento por serviços ambientais, através do apoio ao sector privado no fomento de plantações florestais na paisagem da Província da Zambézia. Esta iniciativa do REDD+ permitiu o desembolso de 6.4 milhões de dólares por redução de emissões, no âmbito do Mecanismo de Parceria para o Carbono Florestal do Banco Mundial. O desafio actual é a extensão desta iniciativa para o resto do país”.
No quadro da reforma legal e institucional do sector de florestas, Maibaze falou da Política Florestal e sua Estratégia de Implementação e da Lei de Florestas, agora na fase de regulamentação, como instrumentos que promovem a revitalização e restauração de reservas florestais nacionais, uma contribuição para a Iniciativa de Restauração da Paisagem Florestal Africana (AFR100).
“O novo quadro legal vai trazer melhorias na gestão e monitoria dos recursos florestais e na sua fiscalização, valorizando o desenvolvimento económico local, através de serviços baseados na natureza”, realçou.
Para melhorar a cadeia de valor da madeira proveniente de plantações florestais com espécies exóticas e de rápido crescimento, a dirigente afirmou que foi desenvolvido um zoneamento agro-ecológico nacional que definiu uma área de 7 milhões de hectares com potencial para o estabelecimento de plantações florestais, tendo sido solicitada a ocupação de uma área de cerca 770 mil hectares para plantações florestais. Desta área, cerca de 76 mil hectares já foram ocupados.
O estabelecimento de plantações florestais, agro-florestais é uma alternativa viável para o fornecimento de produtos florestais à população sem pressionar a floresta nativa e que contribui para a redução da taxa do desmatamento.
Os dados históricos do desmatamento em Moçambique indicam uma taxa anual de 0,79 por cento, equivalente a 267 mil hectares perdidos anualmente, representando cerca de 40 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.
As principais causas deste fenómeno estão associadas à agricultura itinerante, com uma contribuição de cerca de 86 por cento do desflorestamento anual, a exploração florestal para combustíveis lenhosos e madeira com 13 por cento e a conversão de florestas em assentamentos humanos com uma contribuição de 0,1 por cento.