As áreas de conservação moçambicanas constituem uma riqueza natural que permite a distinção do país a nível internacional, por elas serem o capital natural que garante a sobrevivência da maioria das pessoas, através da exploração dos seus recursos naturais, bem como da utilização sustentável dos serviços ecossistémicos que elas fornecem.
A informação foi avançada pela Ministra da Terra e Ambiente, Ivete Maibaze, que falava esta quarta-feira, 14, num evento organizado pela Universidade Pedagógica em coordenação com a Administração Nacional das Áreas de Conservação e a Peace Parks Foundation, no âmbito da celebração, este ano, dos 20 anos do Tratado da Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo.
Este é o segundo evento público que marca a celebração do aniversário no país, depois do Presidente da República, Filipe Nyusi, ter dirigido, em Julho último, no Parque Nacional do Zinave, em Inhambane, as cerimónias centrais, que culminaram com a introdução, até ao momento, de 27 rinocerontes vindos da vizinha África do Sul, facto que torna Zinave a única área de conservação nacional que alberga os BIG Five.
Maibaze afirmou que o Tratado tinha como objectivos: (i) desenvolver o ecoturismo transfronteiriço; (ii) facilitar o estabelecimento e manutenção da economia regional sustentável; (iii) fortalecer a cooperação e colaboração transnacional e, (iv) estabelecer mecanismos que facilitassem a troca de informação técnica, científica e legal.
Volvidos 20 anos do Tratado, a dirigente destaca dentre vários progressos alcançados, a restauração dos parques moçambicanos que integram a área transfronteiriça, com a introdução de várias espécies de fauna bravia, com enfoque para as espécies emblemáticas, como Búfalo, Leão, Leopardo e Elefante, que, neste momento, apresentam efectivos que podem contribuir para a restauração de outras áreas de conservação da rede nacional.
A dirigente referiu-se igualmente aos avanços alcançados no quadro da protecção dos recursos faunísticos e florestais, com o estabelecimento de infra-estruturas de segurança, criação e reforço da capacidade de combate à caça furtiva, treinamento e alocação de fiscais, bem como o desenvolvimento de programas comunitários, com incentivos provenientes de actividades de conservação dos recursos naturais, tais como, os empregos, partilha de 20% das receitas das actividades cinegéticas e meios de sobrevivência.
“Destacam-se ainda, avanços na implantação de infra-estruturas de turismo e de gestão, tais como blocos de escritórios, postos de fiscalização, melhoramento de pistas de aterragem, infra-estruturas de comunicação, dormitórios para trabalhadores, sistemas de captação e tratamento de água, vias de acesso, portões de entrada, entre outras facilidades” realçou Maibaze.
A Ministra indicou que contexto da presidência rotativa do Tratado transfronteiriço, o país passará a coordenar as actividades inerentes ao desenvolvimento da área, o que representa uma responsabilidade acrescida ao sistema das áreas de conservação e a instituição que dirige, porque exige que se redobre esforços, com vista a garantir um fluxo de informação adequado, manutenção e angariação de parceiros de cooperação para apoiarem na implementação de vários programas de conservação e de desenvolvimento local.
Na ocasião, funcionários em exercício e outros reformados foram reconhecidos, com um galardão, pelo trabalho que realizaram durante o período em que estiveram ao serviço da Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo.
O Tratado foi assinado em 2002 pelos Governos de Moçambique, África do Sul e Zimbábwe, estabelecendo a Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo, que abrange mais de 100.000 km2 e integra cinco (5) Parques nacionais, nomeadamente: Parques Nacionais de Banhine, Limpopo e Zinave, em Moçambique; Parque Nacional de Kruger, na África do Sul; e Parque Nacional de Gonarezhou, no Zimbábwe, para além das áreas das cercanias destes parques, garantindo a conectividade e a manutenção da integridade deste ecossistema e da mobilidade das diferentes espécies da fauna bravia.
A Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo é rica em biodiversidade, com um total de 147 espécies de mamíferos, 116 espécies de répteis, 49 espécies de peixes, 34 espécies de rãs, mais de quinhentas (500) espécies de aves e quase duas mil (2.000) espécies de plantas. Mas também, é nesta paisagem que se encontram as espécies emblemáticas de fauna selvagem que incluem o elefante, rinocerontes preto e branco, leão, leopardo, girafa, zebra, búfalo, cão selvagem e muitas espécies de antílopes.